quarta-feira, 28 de maio de 2008

ARRISCAR UMA DERROTA PARA UM DIA ALCANÇAR UMA VITÓRIA


"Quem não se arrisca a uma derrota, jamais alcançará uma vitória". Algures, li esta mensagem e tenho reflectido e constatado que muitas vezes a desertificação no interior e o não desenvolvimento do mesmo resulta deste medo de arriscarmos em projectos e em tomarmos posições diferenciadas dos outros, com medo que esse projecto não venham a ter sucesso ou que as nossas ideias não sejam consideradas. Por vezes, é mais fácil estar no nosso cantinho e não fazer nada por mudar as situações. Fico com a sensação que há medo da novidade dos riscos que essa novidade possa trazer para a situação pessoal e social do ser humano. Daí resulta que a água começa a estagnar, metaforicamente falando, sempre as mesmas pessoas a liderarem os projectos; sempre a mesma cor política a governar e, a determinada altura, começa-se a dar conta que não há novos rostos e a água não se renova, trazendo como consequência projectos e ideias esgotadas há muito. Por isso, poder-se-á concluir que cada um de nós que nasceu, viveu ou vive aí tem uma pequena quota de culpa no "status quo" do interior em geral e das Terras de Algodres em particular.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

UM POSTAL, UMA IMAGEM DA NOSSA TERRA


Há alguns anos atrás, aquando da minha passagem pelos orgão directivos da Associação Recreativa e Cultural de Figueiró da Granja, considerávamos importante divulgar a nossa terra e fazer com que os nossos conterrâneos (e não só) ficassem com uma recordação da mesma. Assim, mandámos fazer dois postais, o primeiro relativo às Jornadas Recreativas e Culturais de Figueiró da Granja e o segundo com uma vista panorâmica sobre Figueiró e sobre a Serra da Estrela. Devido aos poucos recursos que então possuíamos este foi o trabalho possível para divulgar a terra que nos viu nascer. Seria muito interessante que todas as freguesias possuissem uma colecção de postais com o que de melhor aí existe. Este é um trabalho que poderia ser feito pelas associações de âmbito cultural ou então pelas Juntas de Freguesia ou Câmara Municipal.

Nunca é de mais divulgar, nem que seja através de um simples postal, tudo o que de bom existe em Terras de Algodres.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O ASSOCIATIVISMO, UM COMPLEMENTO NA FORMAÇÃO ESCOLAR



Durante muitos anos, só tinham acesso a uma escolaridade média ou superior, aqueles que provinham de uma família abastada ou, quando isso não acontecia, para muitos o seminário era a solução. Hoje em dia, graças a democratização da nossa sociedade, verificamos que o acesso ao ensino está aberto a quem o desejar, havendo por isso uma maior verdade nas vocações e profissões que as pessoas abraçam. Graças a isso, nas nossas aldeias e vilas, a escolaridade básica e média está generalizada e são já alguns que surgem com as suas habilitações de índole superior.
Paralelamente à formação escolar, há uma outra vertente que complementa a formação da pessoa humana. Esse complemento é feito através da participação activa em movimentos, associações, clubes, grupos de música, etc. Na verdade, é também aqui que os pais devem apostar na formação dos seus educandos. Abrir-lhes as portas para colocarem ao serviço dos seus semelhantes as suas potencialidades e, ao mesmo tempo, receberem os contributos que os outros oferecem.
Nesta formação complementar, há entidades que não deverão fugir às suas responsabilidades, são as entidades oficiais (Governos, Câmaras, Juntas de freguesia, etc). Verificamos, algumas vezes, que para alguns políticos, atribuir este ou aquele subsídios acontece em função do número de votos que daí possam advir. Muitas vezes, o agir político é feito não em função das pessoas mas sim em função da carreira política pessoal. Os nosso governantes, quando atribuem subsídios, limitam-se a gerir o dinheiro que é de todos nós.
As poucas associações recreativas, culturais e desportivas existentes no nosso concelho possuem um papel importante no complemento da formação que os nossos jovens recebem em casa e na escola. Cada vez mais, é importante que elas mantenham a sua autonomia e não estejam ao serviço de outros interesses que não sejam, contribuir para a formação complementar da pessoa humana.

domingo, 11 de maio de 2008

TÓ MATOS, UM EXEMPLO DE DEDICAÇÃO A FIGUEIRÓ DA GRANJA (Partes I e II)


ANTÓNIO MATOS, O EMIGRANTE DESEJOSO DE REGRESSAR

Entrevista ao Sr. António Matos, emigrante em França e tão acarinhado pelas gentes de Figueiró. O se amor pela pátria está bem patente nesta entrevista.

O Figueirola - Em que ano é que foi para França? Que idade tinha?
António Matos - Fui para França em 1977, quando tinha 22 anos.
F. - Qual foi o motivo que o levou a ir para o estrangeiro?
A.M. - Quando casei, a minha esposa já lá estava. Havia dificuldades em arranjar emprego em Portugal e então decidi ir para França.
F.- Antes de ir para a França, o que é que fazia?
A.M.- Fui como voluntário para a Força Aérea, onde estive 3 anos. Aí, fiz parte da banda de música. Recebia um salário muito pequeno, mal dava para os botões.
F.- Após a sua chegada a França, sentiu algumas dificuldades. Quais?
A.M.- No princípio, senti algmas. A principal dificuldade residia no facto de eu não saber a língua francesa. No entanto, estas foram superadas gradualmente por causa do contacto com a minha esposa que já sabia falar a língua e dos contactos no emprego que me obrigavam a falar a língua estrangeira.
F.- Em nenhum momento da sua estadia lhe apeteceu deixar tudo para trás e voltar para Portugal?
A.M. - O primeiro ano foi difícil. Tive de esperar que legalizasse a minha situação em França. Esta só foi conseguida depois de estar um ano na França e depois de ter de ter vindo a Portugal por mais três meses. Só aqui foi possível então arranjar papeis que levei para França para me passarem outros para poder lá estar. Portanto, muitas vezes me apeteceu deixar tudo e voltar para Portugal, pois estive um ano sem trabalhar e se papeis.
F.- Vinha muitas vezes passar férias a Portugal? O seu modo de vida era aqui era semelhante ao de lá? Quais as diferenças?
A.M.- Não, embora no início tivesse dois anos consecutivos sem vir. Aqui tudo era diferente, sentia-me no meu país, fazia o que queria sem dificuldades económicas. Na França, tinha de se levar uma vida mais recatada. E também temos de ver que normalmente as pessoas nas férias não se privam de determinadas coisas. Férias são férias!
F.- Alguma vez pensou ficar pelo estrangeiro, organizar lá a sua vida, e não mais voltar para Portugal?
A.M.- Não! A minha ideia foi sempre regressar, pois é o sonho da maior parte dos emigrantes.
F.- De certo conheceu lá outros casais portugueses. Eles pensam sempre em regressar a Portugal ou conhece alguns casos em que ficam por lá?
A.M. - Alguns ficam por lá para não abandonarem os filhos e estes os estudos. Optam por fazer lá uma casa e fazer lá a sua vida.
F.- Quando estava por lá, o que é que mais lhe lambrava, quando pensava em Portugal?
A.M.- Pensava muito na família, nos amigos e na minha terra: Embora não tivesse nascido em Figueiró da Granja, considero-a a minha terra.
F.- Sem ser a parte monetária, o que é que mais lhe agrada na França?
A.M.- Não tenho saudades de nada a não ser aquilo que ela me proporcionou ganhar.
F.- Sei que tem uma paixão especial pela música. Teve de abdicar um pouco dessa vida para trabalhar em França ou conseguiu conciliar as duas actividades?
A.M. - Consegui ter as duas coisas. Durante a semana, tinha o meu emprego e no fim-de-semana tocava e cantava num bar em Genebra.
F.- Quais os motivos que o levam a regressar?
A.M. - Não contava vir tão depressa mas devido ao meu estado de saúde, vi-me obrigado a regressar.
F.- Se pudesse voltar atrás, teria ido novamente para França? Não foi tempo perdido?
A.M. - Teria ido novamente. Não foi tempo perdido. Aqui, não teria organizadotão bem a minha vida e tenho que lembrar que antigamente, não havia tanto emprego como há hoje em dia em Portugal.
F.- Pensa que se tivesse ficado em portugal, não teria mais saúde e as mesmas condições de vida?
A.M.- Não, de maneira nenhuma.
F.- Descreva-me um pouco a vida do emigrante nos anos 70/80 quando foi para França e agora nos anos 90?
A.M.- Neste momento, há muito mais possibilidades de emigrar. Antes havia era mais oferta de emprego do que hoje. Hoje em dia o desemprego é flagrante, no entanto, há muitas ajudas para estes desempregados.
Para terminar, apenas queria dizer que embora tivesse tido muitas dificuldades no estrangeiro, posso agradecer à França todas as condições favoráveis que tenho hoje em dia.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

TÓ MATOS, UM EXEMPLO DE DEDICAÇÃO A FIGUEIRÓ DA GRANJA (Parte I)


Em Julho de 1999, no jornal "O Figueirola", realizámos uma entrevista (estruturada pela Irene Ferreira) a um conterrâneo que durante anos esteve emigrado em França e sempre nutriu um grande amor por Figueiró da Granja. Actualmente, o Tó Matos como familiarmente é tratado, reside em Figueiró e, desinteressadamente, tem contribuido através da música e da participação em múltiplas actividades, para o bem comum da nossa terra.

Hoje, quero destacar esta personalidade que felizmente ainda está entre nós e que muito tem dado a Figueiró da Granja. É esta entrevista que aqui ousei reproduzir, pedindo, desde já desculpa ao visado, por não ter solicitado autorização para a publicar neste meu espaço.


ANTÓNIO MATOS, O EMIGRANTE DESEJOSO DE REGRESSAR


Entrevista ao Sr. António Matos, emigrante em França e tão acarinhado pelas gentes de Figueiró. O se amor pela pátria está bem patente nesta entrevista.


O Figueirola - Em que ano é que foi para França? Que idade tinha?

António Matos - Fui para França em 1977, quando tinha 22 anos.

F. - Qual foi o motivo que o levou a ir para o estrangeiro?

A.M. - Quando casei, a minha esposa já lá estava. Havia dificuldades em arranjar emprego em Portugal e então decidi ir para França.

F.- Antes de ir para a França, o que é que fazia?

A.M.- Fui como voluntário para a Força Aérea, onde estive 3 anos. Aí, fiz parte da banda de música. Recebia um salário muito pequeno, mal dava para os botões.

F.- Após a sua chegada a França, sentiu algumas dificuldades. Quais?

A.M.- No princípio, senti algmas. A principal dificuldade residia no facto de eu não saber a língua francesa. No entanto, estas foram superadas gradualmente por causa do contacto com a minha esposa que já sabia falar a língua e dos contactos no emprego que me obrigavam a falar a língua estrangeira.

F.- Em nenhum momento da sua estadia lhe apeteceu deixar tudo para trás e voltar para Portugal?

A.M. - O primeiro ano foi difícil. Tive de esperar que legalizasse a minha situação em França. Esta só foi conseguida depois de estar um ano na França e depois de ter de ter vindo a Portugal por mais três meses. Só aqui foi possível então arranjar papeis que levei para França para me passarem outros para poder lá estar. Portanto, muitas vezes me apeteceu deixar tudo e voltar para Portugal, pois estive um ano sem trabalhar e se papeis.


(Continua no próximo post)



quinta-feira, 1 de maio de 2008

RECUPERAR AS CASAS DE ALDEIA PARA TURISMO AMBIENTAL


Desde há algum tempo, tenho focado, neste meu espaço, que se deveria apostar no turismo rural, como forma de desenvolvimento do concelho. A recuperação das habitações nas nossas aldeias poderia ser uma mais valia para chamar as pessoas para o interior.
No Jornal "Diário de Viseu", li esta notícia que vai de encontro com aquilo que considero importante para o desenvolvimento das terras do interior em particular das Terras de Algodres.
Recuperar casas de aldeia para turismo ambiental


"O presidente da Câmara de Vila Nova de Paiva, Manuel Custódio, defendeu a necessidade de recuperar casas em várias aldeias para as pôr à disposição do turismo ambiental, que considera fundamental para a sustentabilidade do concelho.

(...)

O objectivo da autarquia é estabelecer parcerias com privados, individuais ou empresas, para recuperar as casas e as disponibilizar aos turistas."As pessoas estariam verdadeiramente no mundo rural, a verem as cabras a passar pela rua", frisou, considerando esta experiência fundamental sobretudo para as crianças, que muitas vezes "se interrogam como o leite chega às suas mesas".Segundo Manuel Custódio, este desejo de aliar a natureza ao progresso está patente no logótipo de Vila Nova de Paiva, que se auto-intitula de "Capital ecológica"."
"É preciso mais turismo
em espaço rural
A falta de alojamentos das várias modalidades de Turismo em Espaço Rural no concelho de Vila Nova de Paiva foi confirmada por Filipe Carvalho, técnico da Direcção Regional de Economia do Centro (DREC) que trabalha na área de licenciamento e classificação destas unidades.Na região Dão, Lafões e Alto Paiva, a modalidade de Turismo Rural é a que regista maior número de alojamentos, mas está a seguir a tendência nacional de aumento do número de Casas de Campo, menos exigente em termos de funcionamento e que dá mais autonomia a turistas e famílias. "
In Diário de Viseu
Eis uma experiência que poderia e deveria ser materializada no Concelho de Fornos de Algodres!
Haja força de vontade e desejo de arriscar!

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