Era assim o Natal em casa da minha avó; e talvez fosse assim o Natal na casa da maioria das famílias, àquele tempo.
Alguns dias antes, na nossa rua, só se falava das filhós e da sopa de bacalhau por entre lamúrias e lágrimas, pois eram muitas as faltas, e mais sentidas no Natal que tocava os corações, todos mais queixosos que reconfortados, sobretudo os das mães sem o bacalhau, sem os ovos, sem o azeite...
No dia da Consoada, não sei como nem donde, a minha avó aparecia com um pouco de fermento que andava de mão em mão a ser esticadinho e repartido de modo a chegar para todos os que dele iam necessitando para amassar as filhós.
Logo de manhãzinha fora acender a pinha, como gostava de fazer, a casa duma vizinha que se levantava muito cedo, para com ela acender o nosso lume. O "lume" era assim que se dizia. Também era de manhã que se punha nele a panela de ferro onde se cozinharia a sopa de bacalhau que muitos poucos povos conhecem. Na cozinha era só fumo, não havia chaminé. Nós, sentados de cócaras ou em banquitos, estávamos já a fazer a festa mesmo com os olhos a chorar com a fumaceira. No lume estalavam as "correcodas" que nos saltavam para a roupa e para a panela da sopa. A avó não via, mas ao de cima do azeite boiavam alguns carvões e quando à noite se comia a sopa,lá apareciam eles a bater-nos nos dentes — talvez o motivo porque só muito tarde gostámos da sopa de bacalhau, e há quem ainda não goste.
Alguns dias antes, na nossa rua, só se falava das filhós e da sopa de bacalhau por entre lamúrias e lágrimas, pois eram muitas as faltas, e mais sentidas no Natal que tocava os corações, todos mais queixosos que reconfortados, sobretudo os das mães sem o bacalhau, sem os ovos, sem o azeite...
No dia da Consoada, não sei como nem donde, a minha avó aparecia com um pouco de fermento que andava de mão em mão a ser esticadinho e repartido de modo a chegar para todos os que dele iam necessitando para amassar as filhós.
Logo de manhãzinha fora acender a pinha, como gostava de fazer, a casa duma vizinha que se levantava muito cedo, para com ela acender o nosso lume. O "lume" era assim que se dizia. Também era de manhã que se punha nele a panela de ferro onde se cozinharia a sopa de bacalhau que muitos poucos povos conhecem. Na cozinha era só fumo, não havia chaminé. Nós, sentados de cócaras ou em banquitos, estávamos já a fazer a festa mesmo com os olhos a chorar com a fumaceira. No lume estalavam as "correcodas" que nos saltavam para a roupa e para a panela da sopa. A avó não via, mas ao de cima do azeite boiavam alguns carvões e quando à noite se comia a sopa,lá apareciam eles a bater-nos nos dentes — talvez o motivo porque só muito tarde gostámos da sopa de bacalhau, e há quem ainda não goste.
UM SANTO E FELIZ NATAL
PARA TODOS OS QUE ME VISITAM, ATRVÉS DESTE ESPAÇO!
3 comentários:
Que linda historia, parabens!
Votos de um Santo e feliz Natal.
Um abraco de amizade dalgodrense.
João Paulo
Espero que tenhas um Santo e Feliz Natal, junto daqueles que te são mais queridos.
Abraço
Bom Natal a todos vós.
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