domingo, 28 de dezembro de 2008

ERA ASSIM O NATAL... Parte II


Entretanto, num alguidar gran­de e de lata, que todos quería­mos segurar, sem deixar espaço para a avó meter os braços, amassavam-se as filhós. Aí, todos davam opinião, a gente crescida —mais um ovo, mais azeite, têm pouco sal... Tapadinhas com um pano branco, ficavam a fintar ao pé do lume, e nós, a guardá-las sem querer arredar pé... Porque seria?
Já noite, a avó, sentada num banco, pano branco no colo, estendia a massa num joelho, levantava-a no ar—era uma roda amarela rendilhada que deita­va na panela com o azeite a
chiar... Ali mesmo, sentados nos banquitos, fingíamos que comía­mos a sopa de bacalhau, aborre­cidos de cuspir as espinhas, e então a minha avó dava licença de começar a comer as filhós — era com sacrifício que se comia uma inteira, enjoados de tanto provar e mexer na massa às es­condidas..
O sono era muito e muito o cansaço de tanto esperar pela Noite de Natal e como se chegava à meia-noite para ir à Missa do Galo não temos disso memória, mas ao toque do sino cada um ia ao seu esconderijo buscar o tostão ou o meio para deitar ao Menino.

2 comentários:

Amaral disse...

João Paulo
Mais um ano que termina. Obrigado pela tua presença no meu AdLitteram.
Espero que 2009 te traga tudo de bom, a ti e aos teus.
Abraço

Anónimo disse...

Fará, neste 31 de Dezembro, um ano sobre a minha decisão, insane, de não ingerir as 12 passas da meia-noite.
Obviamente o Mundo ressentiu-se, como sabemos.

Este ano cumprirei o ritual a preceito, prometo.




Bom ano de 2009.

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