segunda-feira, 24 de março de 2008

Aquele Melro (Prof. Pinheiro Marques)


Há alguns anos atrás, a minha professora primária, Prof. Maria de Lurdes Pinheiro Marques, ofereceu-me um livro com poemas do seu marido, Prof. Pinheiro Marques. Eis um dos sonetos dessa antologia que serve também para dar as boas vindas à Primavera que torna as Terras de Algodres ainda mais bonitas com as suas cores e os seus sons:


Aquele Melro


Aquele melro negro, saltitante

Que fez ninho na copa da figueira,

Deleita-se a cantar de tal maneira

Que não há quem o cale ou o espante.


Assim que nasce o Sol, no mesmo instante,

Ele inicia a sua chinfrineira;

E toda a passarada cada eira

Se cala para ouvir aquele farsante


Eu mesmo me conservo acorrentado

Ao desvario louco do cantor

Com seu riso, trinados e gorgeio;


E nem sequer me sinto incomodado,

Quando um longo assobio em tom maior,

Me corta, em sobressalto, um sono ao meio.

Prof. Pinheiro Marques

5 comentários:

Anónimo disse...

Chegou a primavera.

As plantas vestem-se de verde exuberante, as flores desabrocham com encanto adolescente e a vida vibra a cada amanhecer ensolarado, emoldurando os frutos que vão surgindo.
Primavera, estação que adorna de sonhos a vida e jorra luzes festivas no coração.
Primavera, rosto sorridente da natureza.
Primavera, promessa de melhores dias após o inverno sombrio da depressão.
Primavera, lição positiva de que o frio, por pior que seja, cederá lugar à festa da natureza.
Tem paciência nas situações hibernais e prossegue a caminhada, caso contrário não verás a primavera.
Nunca desistas, pois não há inverno que sempre dure e nem primavera que não aconteça.
Há pessoas que são inverno frio e desolador; há aquelas que vivem queimadas pelo verão abrasador; também existem as que não saem de um outono desfolhado e cinzento; assim como há as que mantêm perene, em si, a estação primaveril da alma.

Que a primavera do teu coração seja uma festa perene para as pessoas que de se aproximarem de ti!

Amaral disse...

João Paulo
Que bonito este soneto. Não só bonito como ritmado, estruturado e com ideias claras.
Gostei muito.
Era o que nós, professores, deveríamos fazer mais vezes: oferecer livros (sim, também, de poesia) aos nossos alunos. Para isso era preciso que o ME colaborasse.
Continuação de boa quadra pascal.
Abraço

Anónimo disse...

Uma grande mensagem que motivou um extraordinário comentário.
Parabéns.
Ainda há gente boa por aí fora.

Al Cardoso disse...

Caro amigo, e ainda se podera encontrar esse livro de sonetos em alguma parte?
Quem sabe uma re-edicao nao estaria mal pensada!

Um abraco de amizade dalgodrense.

João Paulo Lopes Clemente disse...

Caro Al. Cardoso!
Essa edição foi feita pelos familiares do Prof. Pinheiro Marques e visto que esses textos são muitos intimistas e relacionados com a sua vida pessoal não foi editada com o objectivo de ser vendida.Penso que só os familiares terão eventualmente alguns exemplares desse livro. O soneto que apresento como não revela muito essa mundo pessoal do autor, tomei aliberdade de o publicar neste espaço. A capa desse livro é a foto da fachada da sede antiga dos paços de concelho e que, infelizmente, foi totalmente destruída.
Uma abraço amigo
JPC

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