Nas minhas lides de docente, surgem textos com os quais nos identificamos. Assim, seleccionei para este fim de semana, o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen "Porque" que retrata muito bem a mentira em que o ser humanos, por vezes, vive. As aparências, as "habilidades" e o medo de falar e de arriscar faz as sociedades infelizes e pouco desenvolvidas. Neste "tu" eu tenho presente todos os meus leitores e todos os beirões que, por natureza, acreditam nos valores da liberdade, verdade e solidariedade.
Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
“No Tempo Dividido e Mar Novo”, Edições Salamandra, 1985, p. 79
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
“No Tempo Dividido e Mar Novo”, Edições Salamandra, 1985, p. 79
2 comentários:
João Paulo
Gostei da foto, do teu texto e como não podia deixar de ser do poema de Sophia.
Bom carnaval.
Abraço
Um excelente poema, crítico mas simultaneamente elogioso. Boa escolha para esta época.
bom Carnaval
Luís
Descobri um blog em http://emportuguescorrecto.blogs.sapo.pt/
que talvez te interesse. passa por lá.
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